Édi Prado
Por definição clássica, o assessor é
o assistente, adjunto, auxiliar; coadjutor; ajudante. Pessoa colocada como adjunto
ou assistente ou participante de funções de outrem. Mas deve estar havendo a
inversão de função. O assessor, talvez por desconhecer o significado da função,
o princípio, ou não está preparado para o cargo, figura muitas vezes, como o
personagem mais importante que o assessorado. E quase sempre é uma barreira de
acesso ao assessorado. Na verdade o assessor está sendo o algoz que tira a
liberdade e apaga os holofotes, para poder conduzir o assessorado em direção ao
ostracismo, quando ele ainda é o ator principal.
O assessor faz quase tudo o que não
deveria e se esquece de preparar para cumprir com a função dele, que é o de
assessorar, informar, subsidiar com informações inerentes às atividades
profissionais dele. É quase como o dar o passe perfeito para o gol. A relação
com a imprensa se complica ainda mais, porque ao esmerar-se em proteger o chefe
cria tantas dificuldades que fica mais cômodo pautar outra pessoa. O pior é
quando mais se precisa ouvir uma declaração ou até mesmo conceder a
oportunidade de defender-se durante o ataque, o assessor informa que ele não
pode atender por estar em eternas reuniões ou pede para “passar amanhã”. Só que
amanhã a imagem já estará manchada e tarde demais. E muitas das vezes o chefe
nem sabe o que está se passando, porque as informações não chegam ou chegam
distorcidas ou muito torcidas, quando a realidade é catastrófica e bem avessa a
que chega, quando era mais prudente prevenir do que tentar remediar.
As notícias dos meios de comunicação
estão fartas de exemplos. Como a de um prefeito de uma grande capital, por
estar blindado contra informações desconfortáveis, resolveu visitar um bairro
onde a imagem dele era o símbolo do descaso. O assessor não pode impedir a
constrangedora situação e ganhou, como brinde, algumas ovadas no paletó
impecável. Ficou com a imagem literalmente suja e mal cheirosa. Situação que
poderia ser evitada se houvesse preocupação com o protegido dele e com ele, mesmo.
O bom assessor não é o que “filtra”
a notícia. É o que leva junto, sugestões para contornar a situação, depois de
ouvir outras pessoas mais experientes. Mentir é desaconselhável. Haverá sempre
alguém para instigar e “esticar” o assunto. Assumir o erro e garantir o reparo
afasta especulação e dá o assunto como encerrado, aconselham os consultores,
depois de passar por situações embaraçosas. O assessor que se preza e pretende
se manter no cargo, não deve jamais se incompatibilizar com a imprensa nem
deixá-lo sem informações, nem que seja sobre outro assunto interessante. Chá de
banco nem pensar. Cada repórter tem, no mínimo três pautas. E se a espera for a
causa do repórter “furar”a pauta dele fique certo de que o assessorado não terá
tratamento “vip” no primeiro tropeço.
O assessor deve ter uma relação de
camaradagem com a imprensa; facilitar ao máximo o trabalho do repórter.
Garantir o acesso para fotos e imagens, quando o encontro não for aberto à
imprensa. Nada de exageros nem protecionismo. O que está ocorrendo e de forma
ostensiva são assessores cão de guarda rosnando para a própria sombra. A
continuar assim, não se queixe que a imprensa não dá importância ao
assessorado, a empresa ou o órgão que ele representa. O problema pode está
sendo você, assessor, que não compreendeu que não é o astro. Apenas um
lanterninha que conduz o assessorado para a poltrona individual e indivisível.
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