Armando Sérgio Mercadante
No dia sete de
outubro será realizada a grande festa da democracia com o povo exercendo o seu
direito de escolher seus candidatos através do voto direto e secreto. Nossa
história política é conturbada e marcada por crises, rompimentos, lutas,
prisões e torturas. O voto direto foi uma conquista com muita luta e derramamento
de sangue. Nossa experiência democrática ainda não completou 50 anos. Aos
poucos nossa democracia e instituições políticas estão amadurecendo. A cassação
do mandato de políticos corruptos e a Lei da Ficha Limpa são bons exemplos. Os
escândalos envolvendo os Três Poderes não podem ser motivos para o desinteresse
pela política. Sobre o assunto Bertolf Brecht em seu poema O analfabeto político foi
brilhante:
“O
pior analfabeto é o/ analfabeto político. Ele não ouve,/ não fala, nem
participa dos/ acontecimentos políticos./ Ele não sabe que o custo de vida,/ o
preço do feijão, do peixe,/ da farinha, do aluguel,/ do sapato e do remédio,/
dependem das decisões políticas./ O analfabeto político/ é tão burro que se
orgulha e/ estufa o peito dizendo/ que odeia a política./ Não sabe o imbecil
que/ da sua ignorância política/ nasce a prostituta,/ o menor abandonado,/ e o
pior de todos os bandidos/ que é o político vigarista,/ pilantra, o corrupto/ e
lacaio dos exploradores do povo”.
Acreditar em
falsas generalizações como “todo político rouba”, “todo político é desonesto”
ou “o brasileiro não sabe votar” é fazer o jogo de uma elite conservadora e
radical que aposta todas as fichas na desmoralização do regime democrático,
aplaudem os casos de corrupção envolvendo políticos e defendem a volta de
práticas que povoaram nossa história política e que serviram para garantir as
regalias e privilégios de uma elite conservadora com o sacrifício das classes
menos favorecidas. É colocar em cheque e desmoralizar nossas instituições
políticas na medida em que se põe num mesmo saco o bom e o ruim.
A verdade é
que existem políticos sérios, honestos e comprometidos com o bem estar do povo
e que não podem ser desacreditados. A nova forma da Inquisição é a “fogueira”
da desmoralização pública de inocentes que incomodam os interesses das classes
privilegiadas. Difundir a idéia de que o brasileiro não sabe votar é ignorar os
últimos resultados eleitorais que demonstraram um aumento de consciência
política do nosso povo. Se a nossa economia continua estável enquanto a Europa
vive uma crise econômica séria é porque o brasileiro soube escolher seus
governantes. Infelizmente ainda existem
pessoas que vendem seu voto em troca de favores. As três generalizações acima
estão a serviço do conservadorismo e da ditadura que são grandes inimigos das
instituições democráticas.
Durante a
campanha política deste ano devemos analisar com cuidado as propostas
apresentadas no palanque e nos meios de comunicação a história política dos
candidatos e se têm um plano de governo ou de exercício da vereança elaborado
em cima das necessidades e potencialidades do município e que atende aos anseios
da comunidade.
Temos dois
tipos básicos de ação política. A de interesse público que se caracteriza pelo
uso do poder social para alcançar o bem comum da maioria do povo e a de
interesse particular, que se caracteriza pelo uso do poder social em benefício
de pessoas ou grupos privilegiados,
desprezando-se o bem comum que é a soma das condições concretas que permitem
aos membros de uma sociedade alcançar um padrão de vida civilizado, compatível
com a dignidade da pessoa humana. Que o eleitor faça a sua escolha separando o
joio do trigo elegendo os candidatos comprometidos com o bem comum.
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