
É a juventude, diziam em tom de
cumplicidade. De vez em quântico, contava lorotas, como havia enganado o
picolezeiro, a menina da cocada, o lustrador de sapatos. Ele estava ficando
esperto. Como sabia levar e vantagem em tudo, o menino era o orgulho da nação
dos tios, pais e parentes velhos.
Parece até aquele meninão, que estava
sendo bem “talhado” para a vida pública. Esse menino ainda estudante andava sempre de paletó e gravata, cabelos
penteados, bigode aparado ensaiava o estilo que foi a sua marca desde jovem: os
mesmos cuidados com o cabelo e o bigode aparados, paletó jaquetão, gravatas
sóbrias, gestos comedidos, unhas aparadas e brilhantes. Tal como se
apresentaria aos brasileiros quando chegou a assumir cargos importantes. Como
político nunca freqüentou um comício,
nos lugares menores, que não fosse de paletó. A indumentária é a marca. Foram talhados para suportar tudo em
nome do bem estar deles e dos grupos deles.
Têm que manter a aparência custe
o que custar. A essência? Deixa essa incômoda pra lá. O que importa é a aparência. O pessoal gosta de ver
pessoas comportadas, bem mandadas, cultas, que conhece vários países, fala
inglês, francês e até alemão. Mesmo que não fale nada, mas têm que dizer que
fala tudo, todos os idiomas, até o intricado idioma dos porcos e dos javalis.
E é que está se vendo. O retorno desses bonecos enfeitados à vida
política nacional, e com cópia bem vagabunda para o Amapá. Made in paraguai.
Eles ocupam os microfones, as TVs, os salões. Não importa qual salão. Eles têm que
estar presentes. E comentários só positivos. Falar mal de quê se todos estão
certos? Para esses velhos de penugem de
bigode, todos são bons até quando pensarem em cortar a bocada deles. Aí eles passam a ser maus, pessoas sem
índole, egoístas e só se falam pela internet, por e-mail ou por celular, com
medo de contrair sapinhos. Tem uns que ficam de mal à morte, até ganharem um
presentinho. Tolos de ocasião.
E às vésperas das eleições eles
saem pegando nas mãos de rapazes, empinando papagaio, jogando bola, comendo
camarão com “as mãos”, contrariando os hábitos de comer com a boca, se tornando
uma pessoa muita dada e vendo de perto a
realidade do povo.
Tem aqueles que estudaram muito.
Sabem tudo sobre tudo. Fala de feijão a prisão. Mas quando alguém quer se
aprofundar nas questões considera perda de tempo, porque tem coisas mais
importantes para ser feita ao invés de discutir com a população. O povo não
quer discutir nada, quer é comer, trabalhar, ter dinheiro pra comer camarão e
tomar cachaça e um pirão de açaí com tamuatá.
Agora eles querem atuar na
televisão. Querem um estúdio onde caiba toda a vaidade e todas as fantasias
deles. Querem um espaço onde possam exibir os projetos de poder e de barganha.
Eles querem dizer que se não forem
contemplados com o que eles querem mais a metade dos outros, ameaçam denunciar
e criar problemas com a Justiça, com o fisco e com a Receita Federal. Existe diferença entre o
fisco e a Receita Federal?
E quando saem para lugares
públicos é como se tivessem na
privada. Pode ver, mas não pode tocar.
Até porque não é nada salutar posturas assim. E esses meninos comportados não têm idade.
Existem uns que não têm idade para se meter nisso. Já estão passados. E outros
fizeram que eles acreditassem que é o momento certo, porque trazem no sangue os
genes de família. E eles estão por aí pedindo para adentrar em sua casa. Não
deixe. Não permita que adentre em sua casa. Controle remoto neles.
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