por Armando Sérgio Mercadante
No dia 16 de maio deste ano nossa presidente empossou os membros da Comissão da Verdade que terá dois anos para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1985, período que inclui a ditadura militar que terminou com a posse do presidente José Sarney em 15 de março de1985. A comissão tem a tarefa de esclarecer os fatos ocorridos sem ter função punitiva. Os resultados das investigações serão considerados história oficial do nosso país. Alguns paises estão fazendo a mesma coisa. Posso citar como exemplo Argentina, Chile e Uruguai.
No dia 16 de maio deste ano nossa presidente empossou os membros da Comissão da Verdade que terá dois anos para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1985, período que inclui a ditadura militar que terminou com a posse do presidente José Sarney em 15 de março de1985. A comissão tem a tarefa de esclarecer os fatos ocorridos sem ter função punitiva. Os resultados das investigações serão considerados história oficial do nosso país. Alguns paises estão fazendo a mesma coisa. Posso citar como exemplo Argentina, Chile e Uruguai.
Não podem ser
esquecidos, ocultados e nem distorcidos fatos importantes que fazem parte da
história de um país. E para nós brasileiros a Comissão terá a função de impedir
que os horrores da ditadura militar, quando pessoas foram torturadas e algumas
até à morte, caiam no esquecimento.
Minha
convivência com torturados e famílias de desaparecidos mostrou-me um retrato
fiel do que acontecia nos porões do DOPS (Departamento de Ordem Política e
Social) e os centros de tortura DOI-CODI (Destacamento de Operações de
Informações e Centro de Operações de Defesa Interna) e outros órgãos de
repressão. Torturadores treinados para machucar a pessoa por dentro sem deixar
marcas externas e movidos pelo sadismo não tinham limites em usar o pau-de-arara,
choques elétricos, outros métodos de tortura e a violência sexual. Sentiam
prazer em ver o preso sofrer. Em alguns casos queriam arrancar a confissão de
quem não tinha nada a confessar. Tive um colega de Leopoldina que estudava na
Universidade Federal de Juiz de Fora que foi preso e a família nunca mais soube
do seu paradeiro. Motivo: estava lendo O
Capital de Karl Marx para fazer um trabalho de Sociologia. Quem foi
torturado sofre o trauma do sofrimento físico e moral a que foi submetido. E as
famílias dos desaparecidos ainda choram seus filhos clamando por justiça.
Quantas pessoas, inclusive , padres e freiras,
caíram nas garras da ditadura porque queriam a volta do estado de
direito e sofreram na pele as brutalidades praticadas em nome da segurança
nacional. E outros que foram presos sem estarem engajados em movimentos de resistência
simplesmente porque foram “dedurados”. Na época estabeleceu-se a prática da
“deduragem”. Bastava apenas alguém dizer que fulano era comunista para que ele fosse
preso sem necessidade de apresentar provas.
Agora tomou
conta dos noticiários o livro MEMÓRIAS
DE UMA GUERRA SUJA de Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS,
onde revela os bastidores de uma parte do trabalho de destruição da esquerda
durante os anos 70 e início dos 80. No livro ele “dá nome aos bois” citando
nome de torturadores e esclarecendo episódios ocorridos durante o regime
militar.
Tenho certeza
que os membros da Comissão da Verdade serão ameaçados e intimidados por aqueles
que atuaram a serviço da repressão e temem a revelação dos seus nomes. Muitos
deles declararam publicamente que nunca houve tortura. Então por que temem a
verdade?
Acredito na
solidez do nosso estado democrático e na lisura e imparcialidade dos membros da
comissão. Que a verdade seja apurada, registrada e divulgada. Ainda existem
muitas interrogações do período a ser estudado que precisam de um ponto final.
Para quem deseja conhecer a dura
realidade da ditadura militar recomendo os DVDs
Batismo de
Sangue e Zuzu
Angel.
( in O JORNAL DE RECREIO,Minas n º 602, 31.mai.2012, p 3 )
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